Cinco narrativas na ecologia política

Paul Robbins (1967-)


Esta é uma tradução de trecho do capítulo 1, Political versus apolitical ecologies, do livro de Paul Robbins, Political ecology: a critical introduction, em sua 2ª edição, publicada em 2012, pela Wiley-Blackwell.

Raphael Cruz

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CINCO NARRATIVAS DOMINANTES NA ECOLOGIA POLÍTICA

Paul Robbins

A ecologia política caracteriza uma espécie de argumento, texto ou narrativa, nascida dos esforços de pesquisa para expor as forças em ação na luta ecológica e documentar alternativas de subsistência diante das mudanças. Isto não significa que a ecologia política seja algo que as pessoas devem escrever e pensar o tempo todo. Muito deste trabalho é realizado por pessoas que talvez nunca se refiram a si mesmas como ecologistas políticos, que consideram a escrita, a pesquisa ou a argumentação como apenas uma parte de sua profissão, ou que talvez o façam em apenas uma parte de seu trabalho. A ecologia política também não está restrita aos acadêmicos do "primeiro mundo". De fato, as ideias e argumentos críticos da ecologia política são frequentemente produzidos através da pesquisa e escrita, blogs, filmagens e defesa de inúmeras ONGs ou grupos ativistas ao redor do mundo, pesquisando as mudanças no destino das comunidades locais e as paisagens em que elas vivem. Isto pode, na verdade, compreender a maior parte do trabalho em ecologia política. Publicado apenas em reuniões locais e relatórios de desenvolvimento, ou como pequenos vídeos documentais ou apresentações de slides, este trabalho é tanto uma parte do campo quanto os livros bem circulados ou artigos de periódicos de referência da ciência formal.

GRANDES PERGUNTAS E TESES

O que une os diversos trabalhos nestes muitos lugares é um interesse geral em cinco grandes temas. (...)

A tese da degradação e marginalização argumenta que sistemas de produção e usos de recursos sustentáveis tornam-se insustentáveis e exploradores demais quando têm que atender às necessidades dos mercados regionais ou globais, degradando assim as condições ambientais gerais. 

A tese de conservação e controle postula que os esforços para implementar a sustentabilidade, proteger a natureza ou favorecer as comunidades locais têm, na verdade, perturbado os sistemas tradicionais locais de subsistência, produção e organização, e frequentemente resultaram na apropriação de recursos e paisagens por interesses globais. 

O tese do conflito e exclusão ambientais enfoca a aceleração dos conflitos entre diferentes grupos, devido à crescente escassez de recursos apropriados ou restringidos por autoridades estatais, empresas privadas ou elites sociais. O resultado é que os problemas ambientais tornam-se "socializados" e os conflitos sociais de longo prazos tornam-se "ecologizados" (ibid). 

A tese dos temas ambientais e identidades sustenta que os novos comportamentos e identidades politicamente comprometidos e ambientalmente conscientes surgem em resposta a formas institucionalizadas de gestão ambiental. A mudança das condições de gestão ambiental oferece assim oportunidade para grupos locais se estruturarem e se afirmarem em um nível político. 

Finalmente, a tese dos atores e objetivos políticos visa mostrar como a interação entre humanos e não-humanos (tais como solo, vegetação, bactérias ou eventos climáticos extremos) está causando impacto entre os diferentes grupos, devido à crescente escassez de recursos apropriados ou restringido por autoridades estatais, empresas privadas ou elites sociais. 

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