A liberdade no anarquismo e no liberalismo



Mikhail Bakunin (1814-1876)


Estava lendo o texto A Comuna de Paris e a noção de Estado, de Bakunin, para me preparar para uma live no curso sobre a Comuna promovido pela Universidade Popular Mikhail Bakunin. 

Esta leitura me fez pensar a diferença entre anarquismo e liberalismo sobre o tema da liberdade. Tema tão vasto quanto incompreendido.

A diferença pode ser entendida por meio do contraste entre “limite” e “extensão”.

Eles correspondem a natureza individual ou coletiva da liberdade. 

Na famosa frase de Bakunin, que circula pela internet, “a liberdade do outro estende a minha ao infinito”, provavelmente uma adaptação de “a minha liberdade pessoal, assim confirmada pela liberdade de todos, estende-se até o infinito” (Bakunin, O conceito de liberdade, 1975, pp. 22-23), contrasta com o filosofema liberal, “a minha liberdade acaba quando começa a do outro”, atribuído a Herbert Spencer.

De um lado, a concepção extensionista ou coletivista de liberdade na filosofia de Bakunin.

Do outro lado, a concepção limitante e individualista de liberdade na filosofia liberal. 

Para o filósofo liberal, a unidade da liberdade é o indivíduo.

Para o anarquista, é a coletividade. 

O anarquismo não concebe a liberdade do indivíduo como individual, mas como um produto social da liberdade coletiva. 

No anarquismo, a liberdade é concebida a partir da coletividade ou sociedade e orientada pela ideia de extensão, já no liberalismo, é orientada pela ideia de limite.

Minha hipótese é que esse contraste se relaciona com as concepções de propriedade individual no liberalismo e propriedade coletiva no anarquismo.


Raphael Cruz

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